Intervenção do SINAPE no Secretariado Nacional da U.G.T.
Um país desenvolvido carateriza-se por ter:
- um estado de direito onde o primado da lei é cumprido. Há o respeito pela lei vigente e todas
as alterações legislativas são programadas, pensadas e avaliadas antes da sua aplicação.
- uma preocupação focada no crescimento económico visando o desenvolvimento. A iniciativa,
a investigação e a inovação são fomentadas.
- uma democracia forte, com instituições transparentes, conseguindo-se escortinar as suas
decisões. A administração é célere, transparente e de fácil compreensão.
- uma preocupação constante na melhoria da qualidade de vida dos seus cidadãos reforçando
as condições sócio económicas dos mais carentes.
- um estado voltado para os cidadãos.
Um país subdesenvolvido carateriza-se por ter:
- um estado que propagandeia o primado da lei, contudo e de forma constante altera-a de
acordo com as necessidades e ou pressões dos grupos dominantes, em total desrespeito pelo
primado da estabilidade jurídica.
- propagandeia o desenvolvimento sem cuidar do crescimento, geralmente consegue é o
empobrecimento generalizado.
- fala em democracia, contudo geralmente são estados cuja administração é opaca,
impercetível e de difícil escrutínio.
- um estado voltado para a manutenção do poder no mesmo grupo de elites.
No universo dos países da união europeia, Portugal, infelizmente, pode ser considerado um
país subdesenvolvido.
No passado mês de julho, referenciámos que o “mito da sustentabilidade da segurança social”
estava novamente a emergir.
Passado um mês a sustentabilidade reforçada passa para insustentabilidade.
A lógica de incutir a teoria do medo, para dominar, leva à impercetibilidade da capacidade dos
governantes.
No presente surge o “mito da impossibilidade de aumentos salariais”.
Voltamos ao mesmo, em tempo de crescimento não se aumenta para manter as contas
equilibradas, em tempo de crise não se aumenta porque não é possível. Só é possível o
empobrecimento continuo e duradouro.
“Pobres mas honrados – estado novo”.
Contudo é mesmo mito, senão vejamos:
- Em Portugal, desde Braga a Setúbal e de Lagos a VRS António
. setor financeiro, banca e seguros, comparemos com França e com duas variáveis,
margens de intermediação iguais, ordenados e rendas mais altas em França, mas em
Portugal não se pode aumentar salários.
. setor energético e telecomunicações, a mesma comparação, produto final valores
semelhantes, custo de salários e rendas mais altos em França, mas em Portugal não se
pode aumentar salários.
. setor da grande distribuição – alimentar, vestuário, calçado e outros, produtos com
preços semelhantes, em França ordenados e rendas mais altas, contudo em Portugal
não se pode aumentar salários.
. setor da hotelaria. Um quarto num hotel de 4 estrelas em Paris – Grand Boulevars 200
euros, em Lisboa ou Porto no centro 200 euros. Em Paris ordenados e rendas mais
altas, mas em Portugal não se pode aumentar salários.
. setor da restauração. Restaurante centro de Paris Grand Boulevars Opera – prato de
entrecôte 25 euros dá para partilhar. Em Lisboa na baixa, entrecôte entre 16 e 18 euros
– não dá para partilhar, logo duas pessoas entre 32 a 36 euros. Em Paris ordenados e
rendas mais altas, mas em Portugal não se pode aumentar salários.
- E no restante Portugal, na zona é só paisagem?
Não se pode aumentar salários face à dimensão do comércio / empresas.
Como exemplo o café/mercearia do Sr. Manuel na aldeia de Carvas, que nem empregado tem
e só abre por “carolice” do Sr. Manuel e esposa em tempo livre fora da hora de trabalho do
campo.
Sendo local de comércio e de ponto encontro social dos 110 habitantes.
Se fechar só se pode beber café a 8 quilómetros de distância na outra aldeia e nem transportes
públicos existem.
Aqui no Portugal da paisagem, sim, não se pode aumentar salários.
Lamentamos que atualmente não haja um único português com reconhecimento social e
político que afirme “há vida para além do défice”.
O SINAPE NÃO DESISTE, INFORMA E DIVULGA.
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