É urgente uma negociação que resolva, de facto, os problemas que afetam os professores e as escolas.
Senhor Ministro da Educação
As
organizações sindicais de docentes ASPL, FENPROF, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU,
SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU, em nome dos professores e educadores que
representam, pretendem, o mais urgentemente possível, o regresso à
tranquilidade no funcionamento das escolas, o que passa por ultrapassar as
circunstâncias anormais que estamos a viver.
Face à situação em que
nos encontramos, que resulta da ausência de resposta às propostas apresentadas
por estas organizações sindicais, reafirmamos total disponibilidade para retomarmos
o diálogo e a negociação consequentes, pelo que importa haver igual disponibilidade
da parte dos responsáveis do Ministério da Educação para tal, ainda no presente
ano escolar.
A tutela ignorou as propostas que lhe foram apresentadas pelas organizações
sindicais no início do ano letivo e sofremos hoje as consequências da ausência de
medidas apropriadas para superar os problemas. O Ministério da Educação não foi
capaz ou não teve vontade política para:
·
Garantir às escolas todos os professores de que os alunos necessitam;
·
Assegurar que não seriam ultrapassados os limites do tempo de trabalho dos
professores, sistematicamente superados, muitas vezes com atribuição de tarefas
e reuniões para períodos do dia em que deveriam ter direito ao seu tempo de
vida pessoal e familiar;
·
Reduzir a carga burocrática dos professores, agudizada pela necessidade de
formalizar planos de aula e documentos desnecessários ou de questionável
relevância;
·
Determinar uma solução justa para o enquadramento dos docentes em
Mobilidade por Doença, garantindo o respeito pela dignidade humana;
·
Recuperar o tempo de serviço cumprido e que esteve e se mantém congelado: 6
anos, 6 meses e 23 dias (2393 dias);
·
Eliminar o regime de vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões e, de
imediato, dispensar todos e não apenas alguns docentes das vagas;
·
Resolver o problema das ultrapassagens na carreira;
·
Eliminar as quotas na avaliação de desempenho;
·
Garantir a paridade entre o topo da carreira docente e a dos técnicos
superiores da Administração Pública;
·
Dar resposta aos problemas acrescidos que se vivem na monodocência;
·
Criar um regime específico de aposentação e a possibilidade de os docentes
requererem a pré-reforma;
·
Aprovar o regime de concursos e de vinculação extraordinária dos docentes
das escolas de ensino artístico
·
Definir medidas de combate à indisciplina e violência nas escolas;
·
Criar condições adequadas para a formação contínua;
·
Rever adequadamente o regime de contratação de docentes e garantir a
igualdade entre os docentes em Portugal e aqueles que exercem no EPE e nas
escolas portuguesas no estrangeiro;
·
Assegurar a dotação das escolas com todos os docentes, bem como de todos os
recursos, que sejam indispensáveis para o seu funcionamento;
·
Atrair mais jovens para a profissão docente e criar condições para que todos
aqueles que já a exercem, queiram continuar.
As
organizações sindicais tiveram a oportunidade de, ao longo dos últimos meses,
enviar a V. Exa. vários contributos com a expressão, quer das suas
preocupações, quer das respetivas propostas. A verdade é que até agora não
obtivemos qualquer resposta ou disponibilidade para discutir os contributos,
nem tão pouco vimos que eles se refletissem de forma relevante nas posições que
o Governo tem aprovado.
Os
Professores e Educadores portugueses têm realizado nas escolas um trabalho
notável, embora se deva reconhecer que o têm feito em situação de muita
incerteza e angústia, pela insuficiência das medidas que têm sido adotadas, que
não garantem a proteção das pessoas envolvidas e a indispensável valorização da
profissão docente. A este nível, se as propostas que apresentámos A V. Exa. pudessem
ter sido discutidas e aproveitadas, não estaríamos a viver um período tão
conturbado como aquele que se vive na Educação. Também a outros níveis de
desenvolvimento do sistema educativo, se as propostas pudessem ter sido
analisadas e tidas em consideração, já poderíamos estar a percorrer caminhos
mais valorizadores dos profissionais da Educação.
É, pois, neste quadro que se justifica a necessidade de, em sede de
negociação, serem discutidas e acordadas medidas que permitam dar resposta e
resolver, entre outros, os problemas identificados. É responsabilidade
indeclinável do ME e do Governo criarem condições para tanto.
É por
estas razões, pelos nossos alunos e pela qualidade da Educação e da Escola
Pública que nos dirigimos a V. Exa., na expetativa de que se possam abrir
processos negociais cuja iniciativa pertença a cada uma das partes e permita a
celebração de acordos. À cabeça, e porque já foi entregue há três meses, em 13
de março, p.p., entendemos que deverá ter lugar a negociação da proposta
fundamentada apresentada formalmente pelas organizações sindicais, o que,
aliás, nos termos da lei, é obrigatório.
As
organizações sindicais privilegiam o diálogo e a negociação como caminho para a
resolução dos problemas, pelo que reiteram a sua disponibilidade para tal.
Admitem, mesmo, parar as greves e outras ações de luta e contestação que estão
previstas até ao final do ano escolar, cabendo ao Ministério e ao Governo criar
condições para tal e não aos docentes abdicarem da exigência da resolução de
problemas que se arrastam há demasiado tempo.
Não sendo essa a disponibilidade do Ministério da Educação e do Governo,
será com determinação acrescida que irá prosseguir a luta.
Lisboa, 12
de junho de 2023
As Organizações
Sindicais de Docentes
ASPL, FENPROF, FNE,
PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU
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