Escolas. Diretores pedem turmas e programas mais reduzidos
Conclusão sai de um estudo feito pelo Conselho Nacional de Educação a todas as escolas do país, em julho do ano passado, que retrata os problemas e as repostas que foram dadas no primeiro período de ensino à distância. O documento foi enviado ao Ministério da Educação.
O encerramento das escolas em março do ano passado deu mais
visibilidade às desigualdades sociais e mostrou que as escolas para além de um
local de aprendizagem são um refúgio que tenta mitigar as desigualdades e as
situações de pobreza.
A maioria dos professores considera muito grave o aumento do risco
de abandono escolar.
As conclusões são de um estudo do Conselho Nacional de Educação
(CNE) no qual se mostra que as mudanças que ocorreram com o ensino à distância
podem potenciar inovações quanto à organização escolar, mas também às práticas
educativas.
A maioria dos diretores das escolas defende que, para fazer face
às desigualdades de aprendizagem originadas pelo encerramento das escolas, as
turmas devem ser mais pequenas e é necessária uma revisão dos programas, que
são muito extensos, tendo em conta as aprendizagens essenciais.
Os diretores consideram ainda que é preciso adotar outras
medidas, como as aulas coadjuvadas, as tutorias e o apoio individualizado, mas,
para isso, são preciso mais meios técnicos e humanos.
O Estudo feito pelo CNE teve como objetivo saber que dificuldades
foram enfrentadas pelas escolas, quais as estratégias adotadas, que mudanças
podem ajudar as escolas a melhorar a organização interna e as praticas
pedagógicas.
No que se refere à avaliação externa, há quem questione a
existência dos exames e defenda que o modo de acesso ao ensino superior deve
ser alterado. As escolas apontam ainda a necessidade de aumentar o número de
recursos humanos, docentes e assistentes técnicos para apoiar nos recursos
digitais.
A autonomia das escolas ganha agora nova importância, os
diretores dizem que as escolas devem ter a possibilidade de “organizar como
entenderem o número de semanas tidas como necessárias para recuperar
aprendizagens não realizadas, ou a organização das turmas em turnos, com a
diminuição da carga horária presencial por aluno”.
Os ensinamentos com a pandemia vão ter efeitos no futuro, os
professores tiveram de mudar as práticas letivas, de serem mais criativos e o
estudo indica que o Ministério da Educação deve ter consciência destas mudanças
que são uma oportunidade para desafiar os professores a mudar a forma como
trabalham com os alunos e até nos processos de avaliação.
Escolas sem equipamentos e maiores dificuldades no 1.º ciclo
A maioria das escolas - 92 por cento - não tinha equipamentos em
número suficiente nem ligação á internet de qualidade. Em 80 por cento das
escolas, a falta dos computadores por parte dos alunos afetou o trabalho
realizado.
A falta de computadores foi um problema transversal, mas não
afetou todos os alunos da mesma maneira e foram evidentes as assimetrias na
distribuição territorial das Escolas atingidas por essa falta de dispositivos
digitais. O Alentejo Litoral, o Tâmega e Sousa, o Alto Tâmega e a Beira Baixa
destacaram-se como as regiões com as percentagens mais elevadas de Escolas
muito afetadas.
As escolas "muito afetadas" pela falta de recursos
digitais dos alunos e das famílias foram as que integravam mais alunos
provenientes de contextos desfavorecidos.
Neste estudo fica-se ainda a saber que a falta de formação
adequada dos professores e dos alunos para a utilização dos recursos digitais
foi outra das dificuldades apontadas na implementação do ensino á distância.
Apenas 36 por cento dos professores inquiridos neste estudo tem
formação em ferramentas digitais elementares, como por exemplo, as que permitem
produzir documentos escritos, fazer cálculos simples ou apresentações.
Apesar de todas as dificuldades, o estudo do CNE mostra que cerca
de metade dos docentes considera que o ensino à distância não comprometeu as
aprendizagens e que a maioria dos alunos cumpriu com regularidade as tarefas.
Mas 72 por cento consideram que houve um aumento das dificuldades de aprendizagem, a maioria são professores do primeiro ciclo.
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